Por que andar a pé?

Existe uma diferença entre andar à toa e sem destino, sair para caminhar em busca de saúde ou de uma boa forma física, e andar com um destino certo.

O destino certo pressupõe uma roupa adequada ao lugar onde se está indo, e não necessariamente à caminhada. A busca da forma física pede um ritmo mais acelerado, um tênis no pé, braços e mãos livres e atenção no exercício. Já andar à toa, flanar, não tem regras. É o caminho sem destino, o momento de relaxar corpo e mente. Para alguns pode funcionar até mesmo como meditação.

Não importa qual tipo de caminhada você empreenda, algo inevitável vai acontecer: cenas vão te chamar a atenção. Podem ser pessoas, lugares, bichos, objetos, carros, enfim, qualquer coisa com a qual você cruzar pelo caminho.

Quando você anda, os caminhos são bem mais variados do que quando se está de carro. Não há contramão para pedestres, por exemplo. Só isso já te abre um leque incrível de novos caminhos. Há, claro, aqueles obstáculos fruto do descaso, como calçadas mal cuidadas, lixo, calçadas feitas com o piso errado (que ficam escorregadias em dia de chuva, por exemplo), calçadas estreitas em que é preciso dividir o espaço com um poste ou um orelhão. Ainda assim, você vai encontrar algo que nunca viu. É inevitável. Porque a cidade está cheia de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Em todos os cantos.

O barato de andar a pé é descobrir, por exemplo, uma nova rua, na qual você nunca tinha prestado atenção, com marcações de um campo de futebol para as crianças brincarem.

Rua na cidade de Franca, SP, que só notei em um dia de flanar pela cidade.
Rua na cidade de Franca, SP, que só notei em um dia de flanar pela cidade.

É poder olhar pra cima sem medo de bater o carro (mas tome cuidado para não trombar com alguém ou tropeçar e cair, por favor!). E olhando pra cima você também pode descobrir coisas bacanas.

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Luminária feita com escorredor de macarrão na entrada do restaurante La Pergoletta, no Tatuapé, em São Paulo

É encontrar uma aula de inglês perto do seu trabalho simplesmente porque você viu a placa na frente da casa (e dificilmente você passaria por aquela pequena rua de carro).

Placa de escola de inglês, que eu nunca teria descoberto se não andasse a pé.
Placa de escola de inglês, que eu nunca teria descoberto se não andasse a pé.

É ver que alguém plantou um tomateiro no meio da calçada.

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E, afinal, por que isso é bom? Por que dizer que andando você conhece a cidade de um jeito diferente?

Porque vivemos na cidade, oras. Podemos amar viajar, desejar conhecer o mundo. Mas a maior parte do tempo estamos no lugar em que moramos, na nossa casa, na nossa cidade, no nosso bairro (ou no bairro em que trabalhamos, no caso de uma cidade tão grande quanto São Paulo). Precisamos conhecer esses lugares de perto para viver melhor. Todo mundo deseja mais qualidade de vida, e isso passa por encontrar serviços perto de casa, por se sentir bem onde se vive, por poder usufruir do espaço público que está perto de você. Ao conhecer e se aproximar do bairro, das pessoas e dos serviços que são oferecidos na sua região, você está contribuindo para que esse serviço continue existindo, essas pessoas continuem vivendo melhor e para que seu bairro tenha vida!