Por que eu desconecto o Instagram?

Porque existe um movimento natural quando desbloqueio o celular de acessar o Instagram e começar a rolar o feed. E quando começo a rolar o feed, parece que entro em um universo paralelo: vou indo, indo e, quando vejo, passaram-se 15 minutos ou meia hora. A primeira vez que desconectei o Instagram foi no começo da Pandemia, quando pouco se sabia da doença e quase todo mundo falava sobre deixar os pais trancados em casa. Aquilo começou a me incomodar muito porque eu estava com muito medo e o meu pai saía de casa quando queria. Não havia a menor possibilidade de prendê-lo, afinal, era um homem ativo e consciente, mas com 80 anos. Além disso, eu moro há 400 km de distância deles. 

Agora, fiz esse mesmo movimento de desconectar o Instagram por duas razões: A primeira delas é porque estou grávida e o algoritmo só me mostra conteúdo de gestação e de bebê. E a gravidez não fez de mim uma pessoa monotemática (🙏). Além disso, já é um momento suficientemente peculiar para que fique sabendo o que as outras mulheres fazem, o quanto ganharam de peso, o quanto a vida delas mudou, se o bebê recém nascido dorme ou não, se a vida virou um inferno ou não. Já tem coisa suficiente pra eu entender aqui no meu mundinho. 

O outro motivo é que eu comecei a sentir que estava ficando muito fechada no universo que a rede social me apresenta. É muito fácil acessar conteúdo no Instagram. E nosso cérebro gosta de facilidade. Facilitou, fomos fisgados. Então, tenho dado esse tempo. O processo é simples. Eu desconecto a conta do Instagram. Quando abro o aplicativo, ele não entra automaticamente no feed: é preciso clicar em “entrar”. É fácil apenas apertar um botão, mas o fato de me deparar com aquela tela toda vez que acesso o Instagram faz com que eu me lembre do porque fiz aquilo e, na maioria das vezes, desista. 

Não virei uma ermitã que abandonou de vez a rede social. Ainda acesso o Instagram com frequência, mas certamente bem menos do que antes. O que isso me traz de bom? Tempo pra fazer outras coisas (viver?) e uma certa paz de espírito de não achar que estou relapsa na gravidez, de não ficar em pânico pensando se o bebê vai dormir ou não, de não achar que preciso cada vez mais ter disciplina pra ter sucesso, de não achar que preciso compartilhar todos os meus passos com todo mundo. Por enquanto, me parece uma escolha saudável!